A Sonae Indústria, um dos líderes mundiais do sector, adere também ao protesto. Para Alberto Tavares, administrador da Sonae Indústria, a situação já é "bastante séria", obrigando o grupo português a importar um terço da madeira por causa da concorrência das actividades da biomassa e da indústria de paletes.
Não é só o risco de redução de produção que está na mesa, mas também a perspectiva de o acréscimo de custos ter de se reflectir, no final, na indústria de mobiliário, que usa os painéis de derivados de madeira na sua produção e é fortemente exportadora.
Segundo este responsável, os custos de transporte e logística podem elevar o preço da madeira virgem para o dobro, por ser pesada e de grande volume. O grupo português localiza as maiores dificuldades na Península Ibérica e na Alemanha e garante que o problema está também "a criar tensões entre países".
Na base do protesto de um sector com 2,4 milhões de postos de trabalho e 270 mil milhões de euros de volume de negócios, estão as metas de energias renováveis da União Europeia e a transposição para objectivos nacionais. Para incentivar o uso da biomassa, os governos europeus oferecem fortes subsídios, embora desiguais. Portugal paga 110 euros por cada kWh de electricidade produzido a partir da biomassa, enquanto em Itália chega a 160 euros.
Com tarifas atractivas como esta, o sector tornou-se um comprador mais agressivo, ao qual não bastam os resíduos. Há indicações de que a Itália é, neste momento, importadora de madeira nacional. "Portugal, que já é deficitário em madeira, está a exportar", comenta Alberto Tavares sobre os efeitos desta política, que foram semelhantes com os biocombustíveis.
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